terça-feira, 22 de março de 2011

DOAÇÃO E EVANGELIZAÇÃO - ALIMENTO PARA O CORPO E PARA A ALMA


Quando pensamos em beneficiar famílias carentes com o recebimento de CESTAS BÁSICAS, imediatamente pensamos em transformar este benefício em algo maior para o reino de Deus, porque sabemos que “não só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.” (Mt 4,4). Dessa forma, quando trabalhamos a questão da fome, não pensamos apenas na ausência do alimento para o corpo, mas também na ausência do alimento para o espírito.

Ao trilhar os caminhos deste trabalho voluntário, identificamos cada vez mais a necessidade dos beneficiados em serem assistidos em sua carência afetiva, de serem ouvidos, acolhidos e amparados no desabafo de seus sofrimentos e mazelas do dia a dia. Muitas vezes uma “palavra amiga,” mata também a fome do desconforto e das tristezas que tiram o ânimo para viver e sufocam a paz interior que cada irmão ou irmã necessita para ser feliz.

Sabemos que dedicar-se à causa dos pobres e oprimidos é antes de tudo fonte de alimento também para nós, pois ficamos felizes, satisfeitos, realizados e alimentados pela força do altíssimo, que pede de nós antes de qualquer coisa, uma atitude verdadeira e concreta, sem hipocrisias e livre de toda a vaidade, pois assim mesmo Ele nos fala em Is 1, 16-20.

É gratificante para nós, ouvir, julgar e agir, dar testemunho do que Deus realmente quer para nós. É gratificante acolher cada olhar triste e oprimido. poder contribuir para saciar a fome de Deus nessas pessoas, é realmente motivo de alegria e felicidade para nós.

Centenas de milhares de pobres e famintos em todo o mundo apelam à solidariedade de todos aqueles que se afogam no consumismo, no desperdício e na vaidade, provando-nos que a solidariedade e a caridade não são entendidas e atendidas por todos.

Os argumentos do acomodado, para não ajudar o Outro são quase sempre os mesmos. Alega frequentemente que não pode fazer porque ainda não tem todos os seus problemas domésticos resolvidos. Não tem a casa ou o automóvel dos seus sonhos, as férias que há muito deseja., ou mesmo que não tem tempo.

A solidariedade do acomodado reduz-se em dar ao Outro (preto, pobre, etc) os sobejos, os desperdícios do festim. Os pobres não necessitam de mais, contentam-se com as sobras.

Muitos pensam segundo o paradigma capitalista, o Outro é parte de um negócio a curto prazo (Toma Lá da Cá), a médio prazo

(Toma lá, e quando tiveres condições para isso retribui com juros) ou no longo prazo

(Toma lá e diz a outros que foi eu que te dei).

Na verdade, continuam a haver muitos poucos utópicos neste planeta. Aqueles que conseguem ver no Outro uma pessoa que co-habita no mesmo mundo e sobretudo, são capazes de entender que se ele estiver mal, então todos também estamos.

“Meu filho, não recuse ajudar o pobre, e não seja insensível ao olhar dos necessitados. Não faça sofrer aquele que tem fome, e não piore a situação de quem está em dificuldade. Não perturbe mais ainda a quem já está desesperado, e não se negue a dar alguma coisa ao necessitado. Não rejeite a súplica de um pobre, e não desvie do indigente o seu olhar.”

Eclo 4, 1-4